Êxodo urbano: por que cada vez mais pessoas optam por cidades menores

Como a pandemia influenciou o movimento de êxodo urbano e como essa nova tendência impacta o Brasil 

As transformações causadas pela pandemia de covid-19 foram muitas. Entre elas, presenciamos transformações sociais, como a redefinição das formas de trabalho em muitas empresas. Vimos também que várias pessoas saíram das cidades grandes em direção ao interior, devido à apreensão em relação à doença.

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O movimento de êxodo urbano se tornou expressivo durante a pandemia, em 2020, principalmente na região sudeste do país. As pessoas começaram a sair de São Paulo e ir para cidades ao redor, em busca de casas em São José dos Campos, Ribeirão Preto, Santo André, Limeira e outras. 

Esse movimento de saída das grandes cidades para o interior não foi exclusivo do Brasil. Ele também foi registrado em Nova York, uma das mais atingidas pelo coronavírus, onde observou-se a saída de várias pessoas por causa da maior densidade populacional e do risco de infecção.

Esse movimento também foi registrado no Peru, Madagascar, Índia, Quênia e Costa do Marfim, que isolaram os grandes centros para evitar deslocamentos durante a pandemia. Mas será que esse movimento veio para ficar?

Como a pandemia influenciou esse movimento?

A pandemia despertou novos hábitos e modificou algumas relações, como as de trabalho. O modelo remoto, que se encaixa em alguns tipos de trabalho, assim como forçou algumas empresas a se adaptarem, também possibilitou o corte de gastos e a manutenção dos trabalhadores em seus empregos.

Algumas empresas continuaram com o modelo, e a tendência é de que isso continue. O home office possibilita ao trabalhador realizar suas atividades em qualquer lugar do mundo que possua uma conexão com a internet.

A pandemia também mostrou um outro lado da realidade: a vida corrida nos grandes centros acaba influenciando na qualidade de vida. Esses também foram os locais mais afetados pela pandemia, onde medidas mais severas de isolamento social foram adotadas.

Outro fator influente nessa mudança foi a adaptação na rotina, que muitos precisaram fazer com as medidas de isolamento. As pessoas começaram a perceber que tinham pouco espaço.

Com esse cenário, a alta no preço dos imóveis também assustou os consumidores. Isso ocorreu devido à diminuição das taxas de juros para financiamento imobiliário. Mas, mesmo com os valores altos, a vontade de morar no interior ainda prevaleceu, fazendo com que as pessoas preferissem pagar mais por uma casa maior em um local mais tranquilo.

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Qual é o cenário atual?

Com a tendência do trabalho descentralizado, impulsionado e mantido pela revolução tecnológica na época da pandemia, vemos a promessa de uma nova possibilidade, e com ela, a busca por uma qualidade de vida melhor em cidades do interior.

A vida longe dos grandes centros também mostrou outras vantagens, como menor índice de violência, facilidade de chegar aos lugares, não precisar gastar tanto tempo se deslocando para o trabalho, ter mais liberdade para gerenciar o dia a dia e menos estresse.

O cenário atual, pós-pandemia, mostra: o número de pessoas que trabalham remotamente aumentou. Esse novo quadro revelou que a necessidade de estar conectado em tempo integral à cidade não é mais atual. Hoje, temos a possibilidade de escolher onde morar e trabalhar.

Alguns pais, trabalhando em casa pelo modelo remoto e olhando os filhos simultaneamente, começaram a vislumbrar a saída dos grandes centros como uma oportunidade de proporcionar uma vida com mais qualidade para seus filhos.

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Quais são as tendências para os próximos anos?

Uma das maiores tendências desse cenário é o crescimento dos chamados nômades digitais, pessoas que optaram por trabalhar de forma remota enquanto viajam por diversos países, unindo a liberdade geográfica à liberdade de prestar serviços para diversos clientes.

Esse movimento vem ganhando força com a adoção do home office por muitas empresas. Os espaços de trabalho compartilhados também se tornaram mais populares e as mudanças mostraram que, muitas vezes, apenas uma mesa e um computador são necessários para fazer um bom trabalho.

As plataformas que permitem a realização de reuniões remotas também anularam a necessidade da presença dos funcionários no escritório em tempo integral. Isso causou uma revolução no mercado. 

Outro fator importante, que também tem se tornado tendência, é a transformação do modelo de trabalho. Muitos funcionários passaram a trabalhar como pessoa jurídica. Isso proporciona a eles maior flexibilidade nas entregas e horários, e, assim, podem prestar serviços para várias empresas.

Com as pessoas se mudando para o interior, a tendência é de que ocorram mais investimentos em infraestrutura nessas cidades. Por exemplo: melhoria das vias de acesso, crescimento industrial, criação de um ambiente mais produtivo e maior investimento fiscal.